Rapidinhas no sofá da sala enquanto rola um terror na Netflix

Desviando um pouco da linha editorial deste humilde site, a equipe do DP resolveu passar uma semana assistindo alguns filmes de terror disponíveis na Netflix. O resultado é uma lista do tipo “quanto menos você souber, melhor” que talvez ajude a diminuir o tempo que alguns passam tentando decidir qual título assistir até perceberem que já passou da hora de dormir.

Emelie (Emelie, 2015)

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Típico casal de subúrbio norte americano sai para comemorar alguma data comemorativa romântica e deixa os filhos aos cuidados de uma nova babá, a Emelie do título, interpretada por Sarah Bolger com seu olhar hipnotizante. A nova babá aparenta ser devota daquela linha de Satanismo que diz “faz o que queres pois é tudo da lei”, e isso conquista até o emburrado do guri mais velho. O problema é que depois Emelie começa a organizar uns entretenimentos pesados, como fazer a criançada assistir a uma gravação de seus pais fazendo sexo.

Emelie é desses filmes com premissa banal, mas que conseguem se destacar apresentando pontualmente algo novo ou ousando um pouco mais. O resultado é muito agradável de ver: tortura psicológica criativa em menores de idade. Não é um filme de terror que se sustenta em jump scare ou outros recursos irritantes. Tudo se passa em uma noite e a noite passa logo, exatamente em 80 minutos. Dá a impressão de ter desperdiçado ótimas oportunidades de inovar e chocar de verdade, mesmo assim consegue cumprir a função de entreter sem ridicularizar tanto o espectador.

Essa beleza de olhos loucos ganha uma nota 7.0.

Veronica (Verónica, 2017)

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Veronica é uma adolescente que ajuda a cuidar dos irmãos menores enquanto a mãe viúva se desdobra trabalhando em um bar. Em um dia que vai acontecer um tipo de eclipse a garota e amigas fazem a brincadeira do copo. Aquela no tabuleiro ouija que já rendeu outros filmes bem ruins. Queria falar com o pai, mas dá linha cruzada na ligação e alguma coisa responde do outro lado, passando a perseguir Veronica e ameaçando a molecada. O negócio evolui rápido e até se manifesta fisicamente para não ficar apenas no psicológico. O jeito é apelar para uma sinistra freira cega do colégio que parece ser entendida desses assuntos.

Filme espanhol dirigido por Paco Plaza, o mesmo do ovacionado found footage REC (2007) e suas sequências. Veronica consegue entregar uma protagonista carismática que mantem o espectador do seu lado, o que atualmente já é muito em um filme desse gênero. O diretor consegue encaminhar os acontecimentos de forma dinâmica e objetiva levando a um ápice de horror que encerra com aquelas cenas pós-filme que são capazes de arrepiar o sangue dos incrédulos, afinal a história é baseada em um caso real acontecido em Madri em 1991.

Essa beleza endemoniada ganha uma nota 6.0.

Tempos Obscuros (Super Dark Times, 2017)

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Filme de terror com adolescentes é um sub-gênero que deixou boas lembranças na juventude de muita gente. Hora do Espanto, Garotos Perdidos ou até o recente It são bons exemplos. Super Dark Times vai nessa linha, porém chega a ser mais visceral porque não possui nada sobrenatural, além do despertar da maldade e da loucura em cérebros em formação. Entre um grupo de amigos acontece uma morte acidental e, claro, escondem o corpo e fazem um pacto de silêncio. Acontece que um deles começa a suspeitar que alguém tomou gosto pela coisa e continua a matar.

Terror slasher com boa quantidade de sangue com adolescentes se esfaqueando, mas sem espaço para dinâmicas ao estilo Pânico. Possui um ritmo lento durante boa parte do filme até que descamba em uma luta de vida ou morte até bem realista. Aliás, é uma ótima opção para quem procura material com ar saudosista mas que não sofre da afetação de simular títulos de sucesso nem deixar um rastro de easter eggs. Para o primeiro longa do diretor com cara de nerd Kevin Phillips não está mal.

Esses moleques assassinos ganham uma nota 6.0

O Bar (El Bar, 2017)

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Essa produção da terra dos conquistadores soa como um terror puxado para a comédia, quase um Evil Dead vai à Madri. Um grupo de estranhos termina preso em um pequeno bar. Dois deles são baleados ao saírem do estabelecimento e parece que a causa é um sujeito que entrou no local para ir ao banheiro e estava infectado com alguma doença. A paranoia toma conta do ambiente e as pessoas começam a se matar meio sem querer.

Eis que depois do mata mata os sobreviventes descem ao subterrâneo em busca de umas ampolas de vacina que supostamente curam a infecção. Aí sim a coisa fica interessante, com sofrimento intenso, mulheres de calcinha e sutiã se ralando e mergulhando em córregos de fezes, caminhando para um apocalipse ao estilo italiano. Se a atuação do elenco fosse menos canastrona melhoraria muito.

Esse estabelecimento copo sujo ganha uma nota 6.0.

1922 (2017)

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Um filme baseado em obra de Stephen King. Usando a frieza dos cálculos estatísticos, uma adaptação de King tem muito mais probabilidade de ser ruim, mas esse aqui recebeu muitas críticas positivas. A história é a do fazendeiro interpretado pelo segundo melhor Justiceiro do cinema, o Thomas Jane, cuja esposa o despreza e quer vender a propriedade para se mudar para a cidade, de preferência sozinha. O filho do casal também gosta da vida no campo e mais ainda da loirinha filha do vizinho. Assim, pai e filho decidem que não tem jeito. Vão ter de matar a mulher. O problema é que nada mais dá certo depois do crime e o caipira Wilfred começa a ter visões da esposa, além de ser perseguido por ratos que comem qualquer coisa.

A produção da própria Netflix é tal qual aqueles telefilmes da época na qual pouca coisa feita direto para a tv prestava. Quase irreconhecível, Thomas Jane exagerou ao compor os trejeitos caipiras do seu personagem, com um forte sotaque sulista. O filme sofre de alguns problemas na composição dos personagens. O protagonista demonstra ser matuto ao extremo e ao final vai escrever um diário sobre o ocorrido? Erudito demais para ser crível. O ator Dylan Schmid, que interpreta o filho do casal é outro tremendo canastrão, forçando os músculos da face em uma expressão contínua de filhinho da mamãe. Aliás, a mãe do garoto é uma personagem que parece não se encaixar no tempo no qual viveu, uma mulher que demonstra abertamente ser contra o marido e depois de tomar uns pileques ridiculariza o filho por não ter metido ainda na namorada. Enfim, o horror aqui é arrastado, baseado em ratos e visões sem impacto e com uma duração que passou em muito do ponto.

Essa colheita aqui ganhou uma nota 2.0.

Jogo Perigoso (Gerald’s Game)

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Outra produção própria da Netflix baseada em conto de Stephen King. Casal procurando salvar o casamento vai passar um final de semana em uma luxuosa casa de campo. Chegando ao local, só não perdem menos tempo que em um filme pornô para correrem direto pro quarto porque a garota vai alimentar um cão de rua. O maridão algema a mulher à cama e toma a famosa azulzinha. Porém, na hora da coisa engrenhar o casal começa a discutir, o sujeito sofre um infarto e cai literalmente todo duro. E agora, como a mulher vai conseguir sair dessa?

É meio que mais um subgênero esse, o do personagem com alguma parte do corpo presa e isolado além de qualquer ajuda. É sempre um desafio fazer um filme render quase duas horas quando o protagonista se torna praticamente o único personagem em um cenário delimitado. O jeito é apelar para flashbacks. Assim, acompanhamos a Jessie, interpretada por Carla Gugino, de camisola algemada à cama sofrendo alucinações terapêuticas que envolvem passado e presente até tomar aquela atitude drástica e se salvar. Não satisfeito com uma trama pé no chão, o filme ainda se lança para uma improvável subtrama na qual uma criatura de suas alucinações era real.

Esse casamento sem salvação merece apenas uma nota 2.0

México Bárbaro (2014)

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Uma antologia de histórias de terror abordando lendas do México. Parecia uma boa, mas após o primeiro conto nossa equipe desistiu.

Esse filme amaldiçoado não ganhou nota.