Gloria (Julianne Moore) é uma mulher na terceira idade que frequenta bailes de discoteca anos 1970 em busca de entretenimento e talvez uma nova grande paixão. Ela passou por todos os ciclos principais da vida: estudou, trabalhou, casou, teve filhos, eles cresceram, saíram de casa e se divorciou. Agora é como se voltasse a um ponto anterior de sua vida, se perguntando se é apenas isso até o fim. Torna-se uma mulher solitária de muitas formas, percebendo que apenas o trabalho ocupa seus dias, sem grandes satisfações, vivendo em uma casa vazia.
Em uma das idas aos bailes, Gloria conhece Arnold (John Turturro), um homem de várias formas inseguro, mas gentil e aparentemente interessado em algo mais que uma noite. Logo, o tom em sua vida muda. Ela se torna alguém visivelmente mais feliz. A música, letras e ritmos, se alinham perfeitamente à narrativa, representando bem as mudanças em sua vida, seja as músicas que tocam nos bailes, as que ela ouve no carro indo para o trabalho ou as que ouve em casa.
Quanto mais idade, mais história e, no caso, para o casal, essa bagagem os acompanha. As famílias de ambos possuem participação e influência o suficiente para afetarem um relacionamento amoroso, e isso se torna tanto mais verdade a depender do grau de dependência de cada membro. Manter um relacionamento estável significa quase sempre ter de passar por uma adaptação em vários aspectos, e isso se revela bastante difícil para Arnold.
A protagonista é uma mulher que tenta ajudar seus filhos, apesar da idade e independência destes, respeitando suas escolhas. Sua filha, Anne (Caren Pistorius), engravida do namorado, um surfista Sueco. O filho, Peter (Michael Cera), aparentemente foi abandonado pela esposa, o deixando com um bebê. Ambos rejeitam qualquer interferência da mãe, o que a deixa se sentindo ainda mais isolada e solitária e, portanto, mais vulnerável a se deixar ser enganada por outros homens ou ainda inclinada a se satisfazer em relacionamentos sexuais fugazes de uma noite.
Gloria Bell é um remake do filme “Gloria”, uma produção chilena/espanhola de 2013, dirigida pelo chileno Sebastián Lelio, que também ficou responsável pela nova versão pela A24. Um artifício questionável bastante utilizado pelos estúdios americanos. A presença de Julianne Moore ao menos contribui no interesse em ver o remake ao invés de o original. Seus momentos em tela conseguem conduzir para a audiência momentos de solidão profunda, de dor, sejam quando fisicamente só ou mesmo entre multidões ou ainda familiares, momentos em que esse sentimento consegue ser ainda pior. A história em um primeiro momento leva a crer que não é possível a felicidade feminina na terceira idade sem um parceiro, mas se trata na verdade de um filme sobre superação, sobre independência e autoafirmação, correspondendo a uma realidade na qual a qualidade de vida na terceira idade aumentou consideravelmente, incluindo uma vida sexual ativa.
Gloria Bell (2018)
Diretor: Sebastián Lelio
Gênero: Drama
Elenco: Julianne Moore; John Turturro; Michael Cera
Duração: 1h42min