A evolução cinematográfica de Matthew McConaughey

Por anos, Matthew McConaughey foi apenas conhecido como o cara das comédias românticas, especialmente as da categoria “sem graça”. Uma infinidade das mais esquecíveis delas fizeram passar a impressão de que ele seria um daqueles atores que eventualmente desaparecem das telas. Mas, contrariando essas probabilidades, a partir de 2011 começou o verdadeiro despertar do seu talento, quando ele quebrou totalmente seu arquétipo e estrelou O Poder e a Lei (2011). Não um de seus melhores filmes, mas causou ótimas impressões na crítica especializada.

Mas a carreira de McConaughey não é um simples caso de ator de comédias românticas que se tornou um vencedor do Oscar. Ele foi um ator de muitas fases, e todas o ajudaram a ser tornar o profissional que conhecemos e gostamos hoje. Algumas foram boas, a maioria ruins, mas todas contribuíram para que se tornasse um dos grandes astros de Hollywood.

O início

A primeira aparição de Matthew McConaughey está na imagem acima, em um programa de tv chamado Unsolved Mysteries, apresentado pela HBO, em 1992. Ao 22 anos, Interpretou uma vítima de um assassino procurado, que terminou sendo preso 11 dias após a exibição do episódio.

Em 1992 foi também o ano de sua estreia na telona em Jovens, Loucos e Rebeldes, um filme independente que se tornou cult, dirigido por Richard Linklater (Boyhood), onde McConaughey interpretou o Wooderson, que ficou famoso por conta do tal “alright, alright, alright”, uma frase que tirou de um disco ao vivo do The Doors e sabe-se lá o porquê virou um tipo de momento icônico do cinema cult.

Indícios de talento real

Pulando 4 anos à frente, encontramos um McConaughey completamente diferente em Lone Star – A Estrela Solitária (1996). Esse filme pode soar familiar para os fãs de True Detective por ter o mesmo nome da cerveja que Rust Cohle bebia na série. O filme é sobre um xerife que esconde vários segredos em sua cidadezinha de fronteira, no Texas. Nessa história de crime ele faz um papel mais maduro que no filme no qual estreou quatro anos atrás. Também em 1996, viveu o advogado Jake Tyler no denso drama de tribunal Tempo de Matar, ao lado de Sandra Bullock, Samuel L. Jackson e Kevin Spacey.

 

No ano seguinte, veio Contato, dando ao mundo uma ideia de o quão bom o ator poderia chegar a ser. Esta ficção cientifica baseada em livro de Carl Sagan conta a história de Eleanor Arroway (Jodie Foster), uma astrônoma que busca provas da existência de vida alienígena. Palmer Joss, personagem de Matthew, tem uma fala interessante acerca da tecnologia, em como ela nos separa ao invés de unir: “O mundo é mesmo melhor por conta da ciência e da tecnologia? Fazemos compras por domicílio, navegamos pela internet… e ao mesmo tempo nos sentimos vazios, solitários e mais desconectados dos outros que em qualquer momento da história da humanidade.”

Johnny Bravo

 

O visual boa praça de McConaughey o relegou a papéis em comédias românticas por vários anos. A primeira foi O Casamento dos Meus Sonhos (2001), estrelado por ele ao lado de Jennifer Lopez. O filme teve péssimas críticas.

Infelizmente, ficou preso nesses papéis por um bom tempo, sendo alguns não mais que razoáveis. Produções escapistas de um dia em casa largado na Sessão da Tarde. Sempre desconfie das pontuações dos filmes desse gênero no IMDb.

Nessa época, também fez a comédia Trovão Tropical (2008) ao lado de Tom Cruise, Ben Stiller, Robert Downey Jr. e Jack Black. Tivemos também a aventura no deserto, Sahara (2005), Caça ao Tesouro (2008) e Profissão Surfista (2008), e Minhas Adoráveis Ex-Namoradas (2009). Se esqueci algum, é melhor deixar esquecido mesmo.

O ator de verdade

Esta fase marca o renascimento. Ele ficou dois anos meio desaparecido após 2008, até a estreia de O Poder e a Lei, que começou a mudar a percepção que o público já havia construído do ator. Com um elenco coadjuvante composto por Bryan Cranston, Marisa Tomei e Michael Pena, e dirigido por Brad Furman, foi uma escolha acertada, mas ainda não o suficiente.

Em 2011, trabalhou com William Friedkin em Killer Joe – Matador de Aluguel, interpretando um policial corrupto, com desejos por garotas jovens e…coxas de galinha. Com certeza o papel mais diferente de todos que interpretou até então. Aqui sim, uma grande reviravolta. Ou apenas mais um filme nojento do Friedkin, para os mais sensíveis.

Um ano depois, conseguiu uma de suas melhores performances até então com Amor Bandido (2012), que mostrou mais ainda ao público sua capacidade de atuação. O longa conta a história de duas crianças que ajudam Mud (McCnaughey), um fugitivo da justiça, a se encontrar com sua namorada. Parece mais uma daquelas comédias de fundo romântico, mas o clima é completamente diferente.

Vencedor de prêmios

2013 foi um ano decisivo para o ator, primeiramente por fazer o papel que o renderia o Oscar de Melhor Ator por Clube de Compras Dallas (2013),  filme biográfico que conta a história de Ron Woodroof que, em 1985, consegue burlar o sistema para importar medicamentos e ajudar vítimas da AIDS. A transformação corporal pela qual teve de passar para viver o papel, perdendo mais de 20kg, aliada à sua interpretação, tornaram merecida a premiação da Academia.

No mesmo ano, teve uma importante participação em O Lobo de Wall Street, em um momento icônico no qual marca a mudança no personagem de DiCaprio, Jordan Belfort. McCounaughey comentou que teve a ideia para a cena porque era o que ele fazia antes de atuar, o ritual de bater no peito e cantarolar. Não aquele outro ritual para relaxar que ele recomenda várias vezes ao dia.

Quando tinha atingido o topo da indústria cinematográfica, resolveu ir para a televisão. Seu desempenho como o policial Rust Cohle em True Detective o rendeu indicações para vários prêmios, como o Emmy e o Globo de Ouro. O público aprovou completamente a série, especialmente o personagem de McConaughey, que inclusive confessou não descartar um retorno para uma nova temporada. Quando Christopher Nolan bate à sua porta oferecendo um papel para um dos maiores blockbusters do ano, você sabe que está no topo do mundo. Assim, ganhou o papel principal em Interstellar (2014).

Em 2016, as expectativas estavam fortes em torno de Um Estado de Liberdade, mas terminou entrando na lista dos 10 maiores fracassos do cinema americano naquele ano, arrecadando U$ 23,2 milhões contra um orçamento de U$ 50 milhões. Ainda em 2016, estrelou Ouro, uma aventura nas selvas da Indonésia. O pôster já chama a atenção para o visual do ator, calvo.

Em 2017, está sendo aguardado The Dark Tower, baseado em série de livros de Stephen King. Na história, Roland Deschain (Idris Elba) está à procura da Torre Negra do título, onde espera que esteja a chave para a salvação do mundo. O papel de McConaughey é do misterioso Homem de Preto.