Os pesadelos eróticos de Toshio Saeki

“Deixem outras pessoas desenharem lindas flores que combinem com um cenário bonito e agradável. Eu tento capturar as flores que se escondem e algumas vezes crescem em sonhos envergonhados, imorais e terríveis.”

Saeki, um senhor com mais de 70 anos que vive isolado em uma casa próxima às montanhas de Chiba, é conhecido como o Poderoso Chefão do erotismo japonês, um ilustrador que cria imagens controversas misturando violência e atos sexuais bizarros. Ver sua coleção de obras pode ser comparado a visitar o inferno dos cenobitas da série cinematográfica Hellraiser, com seres humanos deformados envolvidos com demônios em cenas que envolvem necrofilia, assassinato, canibalismo e mutilações genitais. Seus trabalhos provocam sensações de fascinação e repulsa em quem observa. A lógica é que, se nada é verdadeiro, então tudo é permitido.

O estilo alucinógeno do artista remete a artes tradicionais do período Edo. Em uma variação do estilo chamada Shunga, os desenhos representavam cenas eróticas, como por exemplo o famoso houkai “The dream of the fisherman’s wife”, uma pintura de 1814 que retratava uma mulher agarrada a um polvo. Vários dos trabalhos de Saeki fazem referência a essa pintura, criando situações combinando com histórias em quadrinhos, pesadelos de infância e artes que ele costumava fazer nos tempos da escola.

As palavras abaixo fazem parte de uma entrevista do artista ao site Dark Art:

“Meus livros receberam advertências da agência governamental que monitora esse tipo de arte. Se você recebe três advertências em um ano, seu livro é proibido de ser vendido em uma livraria. Claro que minhas publicações nunca foram populares com a polícia, mas não o suficiente para serem banidas. Uma vez, entre o final dos anos 70 e início dos anos 80, eu não podia desenhar as estudantes de ginásio que são tão populares agora. Editores tinham medo de publicá-las. A imprensa tinha me apelidado de ‘Saeki schoolgirl’.

Hoje, esse tipo de imagem é mais aceita. Tive sorte de ter meus trabalhos publicados em revistas eróticas assim como em revistas de arte. Não são todos os artistas que são aceitos em ambos os círculos. Não que eu seja um grande nome ou algo assim. É interessante quando um novo livro é lançado, porque a maioria dos e-mails de fãs que meu editor recebe são de médicos, advogados e professores (risos). Eu acho isso divertido.”

 

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