Nascido na República Checa, Scheiner trabalhava como bancário, mas pensava em uma vida fora da área financeira. Então aprendeu sozinho a pintar e desenhar. Os amigos que viam seu trabalho falavam na maior brothagem: “Você tem de levar isso pra frente, bicho!”. E ele levou.
Essa é uma pequena introdução da vida artística de Artuš Scheiner (1863-1938), um pacato trabalhador de colarinho branco que resolveu recomeçar sua vida com pincéis e lápis. Foi de funcionário do Financial General em Praga para um dos mais bem sucedidos artistas da região, chegando a produzir uma quantidade impressionante de obras durante seus 75 anos de vida.
Autodidata, manteve sua paixão escondida temendo ser ridicularizado por suas ambições artísticas. Por volta da década de 20, Scheiner começou a vender ilustrações estilo cartoon para jornais e revistas locais. Seus primeiros cartoons o encorajaram e, rapidamente, progrediu enveredando pelo tema dos contos de fadas. Seu principal trabalho foi publicado em uma série de volumes abordando histórias infantis e lendas Checoslovacas de escritores como Božena Němcová, Václav Tille e Karel Jaromír Erben.
Seu estilo acompanha o dos artistas que fizeram parte de um movimento conhecido como Secessão Vienense, fundada em 1897 pelo pintor Gustav Klimt, que tinha como objetivo elevar a produção artística ao nível do restante da Europa.
As ilustrações de Scheiner possuem traços bem definidos e forte uso de cores, demonstrando extrema habilidade em transmitir sensações de movimento, drama, estranheza e perigo, imbuindo o pressentimento de que algo estranho está a ser revelado. Esse cara poderia ter trabalhado com Neil Gaiman em Os Livros da Magia, fácil.