O Rastreador – Drama, ação e aventura no formato clássico das séries de tv

Muita gente desaparece no mundo. Um caso famoso que sempre me vem à mente é o do escritor Ambrose Bierce, famoso pelo Dicionário do Diabo. Bierce desapareceu em 1913, em uma viagem ao México. O fato foi lembrado em Um Drink no Inferno 3: A Filha do Carrasco (From Dusk Till Dawn 3: The Hangman’s Daughter), um filme não muito lembrado ou querido, no qual o escritor faz parte do elenco de personagens.

Muita gente continua desaparecendo, mesmo com todos os recursos de comunicação que temos atualmente. Em 2023 o Brasil registrou 80.317 casos de pessoas desaparecidas. No mesmo ano, foram localizadas 52.970 pessoas (que não necessariamente corresponde ao número de desaparecidos do ano).

Aparentemente, uma parte faz de propósito. Pessoas que abandonam a família e partem para outros estados e cidades, movidos por um estranho desejo de abandonar a vida, assumir outra identidade. Outra parte é vítima de crimes, de consequências do vício em álcool ou drogas, de fatalidades, doença mental ou acidentes inusitados. 

A ideia já deu forma a uma série de tv, Desaparecidos (Without a Trace). Contabilizando 7 temporadas, o programa mostrava uma equipe do FBI dedicada a investigar pessoas desaparecidas. 

Essa é a ideia de O Rastreador (Tracker), série da CBS, disponível por aqui na Disney+. Colter Shaw, vivido por Justin Hartley, é o protagonista. Um homem criado como a família do filme Capitão Fantástico (Capitain Fantastic, 2016), fora da escola, à margem da sociedade, focado no sobrevivencialismo.

A série se baseia no livro The Never Game, de autoria de Jeffery Deaver, o mesmo de O Colecionador de Ossos, que foi adaptado como filme (The Bone Collector, 1999) estrelado por Denzel Washington. 

Colter ganha a vida usando as habilidades que aprendeu para encontrar pessoas desaparecidas em troca de recompensas. Na sua rede de ajuda está a advogada Reene Greene (Fiona Rene), o hacker Bobby (Eric Graise) e o casal de agentes Velma (Abby McEnany) e Teddi (Robin Weigert), que fazem a intermediação com os clientes. Ainda conta com a participação de Jensen Ackles como Russel Shaw, irmão de Colter. 

Sua filha adolescente sumiu há três anos? Seus filhos saíram para pescar e não deram mais notícias? Uma testemunha que pode inocentar seu pai de um crime que ele não cometeu não está sendo encontrada? Um valioso cavalo de corrida foi roubado antes de uma competição? Se conseguir contratar Colter, ele só aceita recompensa se tiver sucesso na missão. Um bom negócio. 

O Rastreador parece uma daquelas séries antigas, com formato bem definido, onde cada episódio conta uma história fechada. Colter é um homem de ação, consegue se virar em tiroteios e em combate desarmado, mas não desafia o bom senso e as probabilidades, o que torna o programa realístico o bastante mas sem se tornar desinteressante. 

Os episódios, com cerca de 40 minutos, apresentam uma premissa minimamente verossímil e desenvolvimento que consegue prender a atenção do espectador. O formato permite que cada história se passe em uma localização diferente, variando entre cenários urbanos e rurais, grandes e pequenas cidades, casos simples e casos complexos. 

Até o momento nada de conspirações absurdas onde cada episódio dobra o número de perguntas sem respostas, tentando prender a audiência em um círculo sem fim. 

Sobre a participação de Ackles como irmão do protagonista, chama a atenção como basicamente transpuseram o mesmo personagem que o ator encarnou em Sobrenatural. Russel não é apenas idêntico fisicamente, mas tem o mesmo comportamento de Dean Winchester, algo desnecessário.

A segunda temporada está prevista para estrear em Outubro próximo, nos Estados Unidos.