A Ascensão do Van Halen

Em listas de votação de melhores guitarristas, ele geralmente aparece no topo: Jimi Hendrix! Logo em seguida, está Eddie Van Halen. O livro A Ascensão do Van Halen, de autoria do historiador norte americano Greg Renoff, conta a trajetória da banda até o lançamento do primeiro disco, em 1978. Renoff reconstrói os passos do grupo por meio de uma apurada pesquisa bibliográfica, reunindo entrevistas de diversas fontes com os músicos, fãs, pessoas da indústria fonográfica e quem esteve presente em momentos decisivos. O quebra-cabeças deu resultado, conseguindo compor uma detalhada história linear daquela que seria consagrada uma das melhores bandas de todos os tempos, uma revolução musical que se tornou difícil de ser repetida.

Tudo começa na Holanda, onde os irmãos Alex e Edward Van Halen nasceram, entre uma família de músicos. Com a música sendo um elemento presente desde a gestação, nada estranho que começassem a aprender algum instrumento desde cedo. Assim, aos cinco anos, os irmãos Van Halen já tinham aulas de piano. Mas a vida de músico não era fácil por lá, o que incentivou a família a ir para a terra das oportunidades, os Estados Unidos. Assim, em 1962, os Van Halen chegavam em Pasadena, Califórnia. Se a situação financeira não melhorou muito, ao menos Alex e Edward tiveram contato com o rock e resolveram deixar o piano de lado. Maconha, álcool, garotas e música pesada. Era mesmo a terra da liberdade, ainda que as oportunidades fossem escassas.

‘Vou verificar pessoalmente se é possível dançar cada uma as músicas’, Roth Garantiu. ‘Nós tocaremos Rock, mas aqueles que você consegue dançar.’ Quanto mais Roth falava, mais os irmãos concordavam.

Renoff vai reconstituindo o passo a passo que culminaria no lançamento de Van Halen I e no subsequente estouro da banda nas paradas de sucesso. As primeiras formações do grupo, tendo no centro Alex e Edward, tocavam principalmente covers em festas nos quintais da vizinhança, quase sempre atraindo a atenção da polícia, que chegava para dispersar a molecada. Foi já nessa época que surgiu a rivalidade entre os irmãos e a banda de Dave Lee Roth, um sujeito cheio de banca, filho de um médico bem sucedido, que atraia mais a atenção pela aparência extravagante que pelas habilidades vocais, consideradas péssimas por praticamente todo mundo.

A rivalidade e antipatia acabaram esmorecendo graças a uma troca de vantagens e Roth acabou se unindo aos Van Halen. A partir de então, o limitado cantor começaria a trabalhar a autoestima dos integrantes, e tentaria modificar o direcionamento musical da banda, convencendo especialmente Eddie a compor músicas curtas e que instigassem o público a dançar. Era uma época no qual o rock progressivo tinha deixado a cena blasé demais, e o punk do Sex Pistols e do The Clash estava virando o mercado fonográfico de cabeça para baixo, deixando bandas como o Black Sabbath ultrapassadas. Eis que surgiria o Van Halen com o, batizado por Roth, “big rock”.

Ei, tua banda é uma merda! Pega suas coisas e fora daqui! Tentem ensaiar também antes de fazer outro teste!

O caso era que, apesar de Edward impressionar muita gente com suas habilidades na guitarra, ninguém da indústria fonográfica se interessava em se arriscar com o grupo. Mesmo o interesse pessoal de Gene Simmons, baixista do Kiss, não funcionou para garantir um contrato para a banda, ainda que tenha bancado a gravação de uma demo. Eis que depois de muita ralação finalmente acontece, e a Warner assina com o grupo.

O que vem em seguida é uma extensa turnê ao lado de bandas como Black Sabbath, AC/DC, The Rolling Stones, UFO, Journey e Montrose. Todas se assustavam quando viam o desempenho do Van Halen nas apresentações. O problema era que a banda de abertura estava ajudando a vender ingressos, então não dava para simplesmente mandar embora na tentativa da salvar a reputação das veteranas. O que aconteceu é que, ao final da gravação do primeiro disco e da turnê de divulgação, o grupo havia conseguido uma boa base de fãs, vendido muitos discos, mas estava devendo 1,2 milhão de dólares à Warner. Injusto? Business! Esses pontos principais e muitos outros são esmiuçados por Renoff.

O Van Halen tocava uma forma elaborada de rock, o heavy metal, fazendo do quarteto um membro de uma espécie em perigo, que logo seria extinta ante uma nova geração de grupos punks e new wave.

A edição nacional é da Editora Madras e possui alguns detalhes que não ajudam a valorizar o trabalho, a começar pela ultrapassada composição da capa, com fotografias sobrepostas da banda.  Detalhes internos também denunciam o amadorismo, como frases repetitivas entre o desenho de duas guitarras em sentidos opostos no cabeçalho e o excesso do símbolo do Van Halen entre os parágrafos. Felizmente o conteúdo compensa a pobreza gráfica da edição.

A Ascensão do Van Halen
Como uma banda de festas do sul da Califórnia salvou o heavy metal
Autor: Greg Renoff
Editora: Madras
352 páginas